O GIGANTE DA COLINA – DO REAL AO VIRTUAL, O VASCO DA GAMA MONUMENTAL

A temporada 2010/2011 iniciou empolgante porque com as conquistas do último ano, principalmente o bicampeonato da Copa do Brasil, o Vasco poderia sonhar com tempos melhores principalmente porque conseguiria retornar mais bem preparado para a disputa da Libertadores, a segunda seguida.
Porém, como um clube de grandeza, não poderia se esquivar da responsabilidade de entrar nos demais campeonatos para disputar o título e montou uma equipe que pudesse fazer frente aos desafios que viriam sem deixar de atentar também à base dos juniores que passou a ter bastante relevância a partir do final da temporada passada.
O pensamento continuava o mesmo quanto ao aspecto financeiro no que dizia respeito ao controle de gastos somente investindo o possível. Era deixada sempre uma margem de emergência em todos os setores, sendo as TRANSFERÊNCIAS o setor onde mais se investiu seguido pelo de CONSTRUÇÃO, SALÁRIOS e DIVERSOS.

Os patrocinadores continuavam os mesmos, só que com a expectativa gerada pela reestruturação da infra-estrutura do clube e as chegadas de jogadores de renome alavancaram as finanças e o gerente Lucio Menezes Jr. tinha o seguinte panorama financeiro:

Estando o clube em contato com grandes estrelas para possivelmente fazerem parte do elenco na nova temporada e com os patrocínios em dia, o setor de marketing do Vasco fez uma grande apresentação dos novos uniformes 201/2011 com a presença dos gerentes das empresas GOODYERAR, VODAFONE e BURGUER KING, além do diretor-chefe de jornalismo do grupo MARCA. O uniforme continuava mantendo as tradições do Vasco com a faixa diagonal e a cruz de malta ao peito, possuindo ainda o emblema da CBF por ter conquistado a Copa do Brasil pela segunda vez na última edição. O terceiro uniforme era um manto negro, com a cruz de malta estilizada trazendo consigo aspectos medievais remetendo às antigas cruzadas onde os cavaleiros faziam grandes jornadas para batalhas épicas em terras estrangeiras, o que muito aparentava com a árdua missão do gigante da colina em mais uma odisséia em busca da sua segunda Libertadores.

No campo de expansão de patrimônio e melhorias nas instalações do clube, a expansão foi continuada na nova temporada, pois com a conclusão de algumas obras, outras foram iniciadas para dar suporte à preparação dos jogadores não somente para os jogos e bem estar, mas também para aprimorá-los no âmbito pessoal, tais como: a ampliação da biblioteca onde os jogadores poderiam estudar no tempo livre para tornarem-se melhores profissionais e ocuparem postos médicos ao se aposentarem. Além disso, o clube construiu um posto de gasolina próximo ao estacionamento do estádio, bem como um hotel também por perto para que os torcedores pudessem pernoitar no local dando maior comodidade ao seu público fiel. Sem contar que isso contribuiria para o consumo nos restaurantes e barraquinhas nas proximidades, gerando renda extra incluindo a possibilidade das pessoas visitarem o recém construído museu do clube ou fazerem compras no pequeno shopping center adquirido pelo Vasco da Gama. Um estúdio de luxo para melhorar ainda mais a produção dos programas da Vasco TV trazendo aumento de público e de venda de produtos.

Quanto ao relacionamento com outros clubes para acordos de cooperação, novamente não houve necessidade, pois com a marca VASCO DA GAMA em expansão, continuou-se a preferência por atletas formados pelo clube, aos que também foram adicionados ao plantel de juniores provenientes de outros clubes (jovens estrela migraram para o Vasco ao perceberem que teriam estrutura para desenvolverem suas habilidades), sem contar as grandes estrelas que se contagiaram por toda essa revolução!

Analisando o elenco, o Vasco tinha a seguinte formação no início da temporada 2010/2011:

Como o goleiro Fernando Prass era titular absoluto e um dos grandes ídolos, mantevesse na meta vascaína, passando a seu substituto direto o bom goleiro Tiago, recém retornado de empréstimo junto ao Bahia e que iria jogar por um algum tempo, inclusive figurando na equipe final da temporada já que Prass se contundiu e ficou algum tempo em recuperação. Os demais goleiros tiveram os seguintes destinos: Diogo Silva não renovou o empréstimo e retornou ao Nova Iguaçu, Alessandro saiu para o São Caetano e Adilson que estava emprestado ao Duque de Caxias, foi vendido ao Goiás.
Na defesa continuaram essenciais os zagueiros Dedé (pela direita), “O MITO” e Matias Arce (pela esquerda) com o experiente Leandro Desabato como reserva apoiados pelos alas Léo Moura (pela direita) e Márcio Careca (pela esquerda), voltando ao time com a saída de Julinho que retornou de empréstimo ao Avaí.
O volante continuava sendo Willians, seguido de perto pelo “OGRO” Eduardo Costa. Jean fazia a meia direita seguido pelo reserva Felipe Bastos comprado em definitivo junto ao Benfica, enquanto o maestro Felipe, era o dono da meia esquerda seguido por João Marcos. O meia ofensivo era o reizinho Juninho Pernambucano que continuava como capitão e líder do grupo, substituído esporadicamente por Bernardo que também jogava ás vezes pela meia direita já que Diego Souza continuava como “reserva de luxo” tendo algumas boas atuações, mas pouco se encaixava na equipe.
No ataque, “ANIMAL” Fabian “Edmundo” Bordagaray e Alecssandro que passou de reserva a titular por conta da saída de Éder Luis que retornava ao Benfica de Portugal já que os “encarnados” não quiseram negociá-lo em definitivo por conta da sua valorização na temporada passada. O reserva direto passou a ser o oportunista Élton.

O gerente Lucio Menezes Jr., que na temporada 2009/2010 chegou a iniciar as observações de juniores, mas ainda não tinha tanta experiência naquela área e ainda sofreu recusas de alguns jogadores em trocar seu clube de origem pelo Vasco da Gama, passou a atuar mais efetivamente no setor nesta segunda temporada para fortalecer a base do clube que já era visto com outros olhos pela recém construção da escola e do colégio particular, principalmente pelos pais dos jovens. Dos juniores adquiridos junto a outros clubes no fim da temporada que subiram para os profissionais foram:

O meia ofensivo argentino Raúl Amado, vindo Ginmasia da argentina;

O zagueiro João Alves, vindo do Corinthians;

O também zagueiro Marcelo que veio do Paraná; e

O meia Felipinho, criado nas categorias de base do próprio Vasco.

Pautado em uma boa estrutura financeira e com U$ 45. 000 em dinheiro para contratações, a estratégia foi reforçar a equipe de tal forma que pudesse fazer frente a todas as competições da temporada, mas principalmente focando a Libertadores. Nomes como o de Carlos Alberto foram cogitados para compor o elenco, mas o “bad boy” foi sumariamente descartado pela diretoria e não ficou em São Januário ao sair do Bahia tendo o contrato não renovado com o Gigante da Colina.

As contratações mais importantes começaram, então, com volante Henrique que estava no Santos para fortalecer o setor já que Jumar foi negociado ao Brasiliense, o excelente meia ofensivo argentino D’alessandro do Internacional para compor com Juninho Pernambucano na posição de origem ou suprir uma ausência de Felipe na meia esquerda, situação esta que motivou também a contratação do meio campo Thiago Neves junto ao Flamengo nas mesmas posições porque o jovem meia ofensivo Bernardo acabara de ser negociado junto ao Nacional do Uruguai, campeão da Libertadores da última temporada, o lateral e ala esquerdo Kleber proveniente também do Internacional para ser titular no lugar de Márcio Careca que, vendido ao Goiás, motivou a contratação do lateral ambidestro Diego Renan do Cruzeiro atuando tanto na direita como na esquerda.

Mas os melhores presentes para a torcida vascaína ainda estavam por vir: Lucio Menezes Jr. conseguiu trazer ao clube dois dos maiores artilheiros brasileiros da época – Luis Fabiano, o Fabuloso, vindo do São Paulo e com experiência internacional aliada a incrível capacidade de marcar gols e Fred, o Fredgol, com o mesmo nível de habilidades e experiências. E outra: Ambos faziam dupla de ataque na Seleção Brasileira de Futebol, dando aos torcedores a esperança de uma nova “SELEVASCO” como no final dos anos 80.

Falando em Seleção, estes foram os jogadores que configuraram nas respectivas equipes nacionais incluindo na temporada passada:

1.COMPETIÇÕES 2010/2011



1.1 – COPA DOS CAMPEÕES DO BRASIL

O Vasco da Gama, por ter vencido a Copa do Brasil pela segunda vez na temporada anterior, ganhou vaga novamente para a Copa dos Campeões do Brasil, competição que reuniu também o Internacional de Porto Alegre por ter sido o Campeão da série A do Campeonato Brasileiro de 2009/2010.
Sendo a primeira partida do ano e ainda sem as estrelas a serem contratadas, o Vasco mantinha o entrosamento adquirido na temporada anterior, jogando praticamente em casa já que as finais deste campeonato são sempre jogadas no Maracanã e isso ajudou muito durante o jogo, pois o Gigante da Colina foi valente, buscando o gol desde o primeiro minuto fazendo com que o Colorado pouco ameaçasse a meta de Fernando Prass. E o primeiro tempo terminou 0 x 0.
O vestiário foi fator motivacional decisivo e no retorno, aos 17 minutos do segundo tempo, Fabian “Edmundo” Bordagaray - sempre ele - abriu a contagem para o cruzmaltino para delírio dos mais de 80.000 pagantes presentes no Maraca. O Inter ameaçou reação, mas o que se viu foi o Vasco perdendo uma oportunidade atrás da outra com Juninho e Felipe deixando Alecssandro e Bordagaray em condições de marcarem por várias vezes.
Foi então que aos 35 minutos do segundo tempo “Edmundo” Bordagaray projetou-se mais alto que o zagueiro Bolívar, o General América colorado, e arrematou de cabeça o cruzamento do Maestro Felipe para o fundo da rede do goleiro Lauro, que nada pode fazer!
Início de apoteose vascaína e foi decretado o carnaval fora de época no Rio de Janeiro: VAMOS CANTAR, MEU POVÃO! É GOL, É GOL! A REDE VAI BALANÇAR, VAI BALANÇAR! SOU VASCO DA GAMA. MEU BEM, CAMPEÃO DE TERRA E MAR!
Não teve jeito: O Gigante cortou a outra perna do Saci e sagrou-se bicampeão!

1.2 – CAMPEONATO CARIOCA






O Cariocão de 2010/2011 começou de maneira estupenda para o Vasco que aplicou 7 x 0 no Bangu logo na primeira rodada, mas já na segunda, reencontrou o Duque de Caxias que havia ganho do cruzmaltino no último carioca e repetiu a dose desta vez por 2 x 1, fazendo iniciar uma ponta de desconfiança no entrosamento e capacidade daquele grupo forte que se formara. E isso só aumentou porque na terceira rodada o Vasco somente empatou com o Friburguense, ganhou do Estácio de Sá por magro 1 x 0 e perdeu pro Botafogo em casa por 1 x 0 através de Loco Abreu gerando vários protestos em São Januário. Como poderia um time tão forte, estar fazendo partidas tão ruins? Sem muitas respostas ainda, Lucio Menezes Jr. convocou uma reunião com os jogadores para “discussões abertas” antes do próximo jogo contra o time do América e a partir daí percebeu as necessidades do grupo, tanto que o Vasco aplicou 4 x 0 na equipe rubra e 5 x 0 no Tigres de Caxias não perdendo mais até que na 10ª rodada tropeçou no Boavista e perdeu de 1 x 0, sendo ameaçado de não classificação para as semifinais por estar com 19 pontos, desempatando somente no saldo de gols com o Duque de Caxias, seguido de perto pelo próprio Boavista com 17 pontos.
Mas a equipe não esmoreceu e ganhou todas as partidas até o fim da primeira fase, com destaque para Luis Fabiano, o Fabuloso, que marcou média de dois gols por partida a partir daí e para as vitórias por 3 x 2 sobre o Flamengo no Maracanã e 2 x 0 sobre o Fluminense em São Januário na última rodada.
O Vasco terminou a primeira fase em 3º lugar com 34 pontos, tendo o Fluminense em 4º lugar com 31 pontos, Botafogo em 2º com 40 pontos e o Flamengo em 1º com 42 pontos.

Na semifinal, por ter sido terceiro colocado, o Vasco enfrentou o Botafogo, único time grande do Rio a ganhar do cruzmaltino na primeira fase. Na primeira partida realizada no Engenhão, o time entrou em campo apreensivo, mas logo deu alegria à torcida aos 20 minutos do primeiro tempo com um gol de cabeça de Dedé, o Mito, depois de escanteio cobrado por Juninho Pernambucano. Porém a alegria deu lugar à apreensão novamente quanto Marcelo Mattos converteu para o Fogão aos 27 minutos do primeiro tempo. Jogo truncado com chances perdidas para ambos os lados, terminando o primeiro tempo em 1 x 1. No segundo tempo, o time da Estrela Solitária pressionou o Vasco de todas as formas, dando muito trabalho para Dedé, Matias Arce e Fernando Prass através de Herrera e Loco Abreu, mas aos 37 minutos Fabian “Edmundo” Bordagaray chutou de longe e garantiu a vitória fora de casa para o Gigante da Colina. Duro golpe no Botafogo que além de não conseguir se recuperar em casa, ainda levou uma acachapante goleada de 4 x 1 em São Januário no segundo jogo com outro show do Fabian “Edmundo” Bordagaray que marcou os três primeiros do total de quatro gols, deixando o último para a “cereja do bolo”, o reizinho Juninho Pernambucano.

Na final o Vasco enfrentou o Fluminense que havia eliminado o Flamengo na outra semifinal com duas vitórias, uma por 2 x 0 e outra por 1 x 0.
Novamente os dois times se encontravam em um jogo decisivo passado pouco mais de um ano da final da Copa dos Campeões do Brasil e da semifinal do Cariocão da temporada passada onde o cruzmaltino levou vantagem em ambas as vezes.
E foi com este argumento que a torcida vascaína foi confiante para os jogos finais do campeonato, já que o time do Vasco era infinitamente mais forte contando inclusive com o ex- artilheiro tricolor Fred, agora vestindo a camisa com faixa diagonal e carregando a cruz de malta.
No primeiro jogo da final, no Maracanã, um primeiro tempo morno aonde ambas as equipes pouco criaram: O Vasco atacando forte e o Fluminense jogando no contra ataque utilizando as bolas enfiadas do Deco para a velocidade do atacante Rodriguinho. No segundo tempo, o tricolor abriu o placar aos 14 minutos em jogada lateral de Carlinhos e aumentou aos 17 minutos na já comentada jogada de Deco que encontrou Rodriguinho, autor do gol, entrando em diagonal na área vascaína. Aos 32 minutos, Souza aumentou o calvário do Vasco fazendo 3 x 0. Um pequeno alento só veio quando Bordagaray marcou o gol de honra aos 36 minutos e foi só.
Na segunda partida em São Januário, o Vasco precisava vencer por dois gols sem tomar nenhum para sonhar com o título e logo aos 06 minutos de jogo Fabian Bordagaray abriu o placar fazendo a torcida sonhar! Porém a dupla Deco e Rodriguinho estava impossível e novamente uma troca de passes entre os dois resultou em gol aos 39 minutos do primeiro tempo e só não colocou água no chope vascaíno logo porque aos 45 minutos Luis Fabiano marcou para o time da casa deixando tudo em aberto já que o placar agora era 2 x 1 para o Machão da Gama. No intervalo os jogadores tentavam aparentar tranqüilidade e o discurso era de que nada estava decidido ainda.
Com a volta ao segundo tempo, o Vasco se lançou ao ataque logo de cara, tanto que a torcida tricolor cantava a clássica música quando se sente ameaçada durante o jogo: “A BENÇÃO JOÃO DE DEUS, A BENÇÃO, JOÃO DE DEUS! NOSSO POVO TE ABRAÇA...” E foi exatamente nessa hora que o time cruzmaltino foi surpreendido por um gol “santo” de cabeça do zagueiro tricolor Gum aos 11 minutos depois de Fernando Prass sair errado do gol num escanteio cobrado por Deco. Na base do desespero, o Vasco deu espaço ao Fluminense com o adiantar do time, o que contribuiu para mais um sucesso da clássica jogada de Deco com Rodriguinho onde num lançamento o luso brasileiro encontrou o atacante mais uma vez em condições de marcar. Resultado: 3 x 2 para o tricolor e o título foi parar nas Laranjeiras – No Rio de Janeiro foi pó de arroz pra todo lado..

O Vasco da Gama começou a Copa do Brasil 2010/2011 para tentar o tricampeonato já que uma temporada antes do início da “ERA REVOLUCIONÁRIA” já havia ganhado este campeonato e o bicampeonato veio no último ano.
Novamente defendendo o título, na primeira rodada enfrentou o Sinop de Mato Grosso, time que revelou o grande goleiro do São Paulo, Rogério Ceni. E nada de chance para os mato-grossenses... Duas vitórias vascaínas: 4 x 0 fora e 5 x 0 em São Januário, com destaques para Alecssandro e Luis Fabiano que marcaram duas vezes em cada um dos jogos. Fred, um pouco fora de forma ainda, somente entrou no segundo tempo do primeiro jogo passando em branco, não jogando em São Januário e sendo substituído por Fabian Bordagaray, que inclusive deixou sua marca como de costume.

Na segunda rodada o Vasco enfrentou o ASA de Arapiraca e tomou um susto! Perdeu por 1 x 0 em Alagoas com uma atuação pífia do ataque vascaíno que contava com a dupla da seleção brasileira Luis Fabiano e Fred que pareciam não se entender em campo! Seria uma crise na Selevasco? Na cabeça de Lucio Menezes Jr. começava a pairar situações bem parecidas com o ataque que ficou conhecido como “pior do mundo” no Flamengo de 1995.
Os torcedores lembravam até da musiquinha: "Pior ataque do mundo, pior ataque do mundo, pára um pouquinho, descansa um pouquinho, Sávio, Romário, Edmundo!". Estava tudo parecido mesmo já que o time passara a jogar com um esquema de 3-4-3 losango contando com Luis Fabiano atuando como atacante pela direita, Fred atacando pela esquerda e Fabian Bordagaray como goleador central. Com tanta gente boa na frente e nenhum gol em 90 minutos jogados na casa de um adversário bem mais fraco, especulava-se uma briga interna por vaidades, mas a questão era pura falta de entrosamento.

Foram duas semanas difíceis para os jogadores até o segundo jogo em São Januário. A pressão era grande, principalmente sobre as estrelas do elenco que passaram a não dar entrevistas e treinavam com portões fechados. Mas chegou o dia do jogo e a torcida e os jogadores respiraram aliviados quando, depois de pressionar todo o primeiro tempo sem conseguir colocar a bola nas redes, aos 45 minutos Fabian “Edmundo” Bordagaray, jogando no lugar de Fred que ficou no banco, marcou para o Gigante da Colina. 1 x 0 e um intervalo inteiro para colocar o time nos eixos já que precisavam de somente mais um gol para passar á próxima fase da competição.
Veio o segundo tempo e o Vasco se lançou ao ataque desde o primeiro minuto, mas dava espaço para o time adversário contra atacar e levou vários perigos de gol onde a atuação de Fernando Prass foi primordial para o resultado que estava por vir. E só veio aos 40 minutos do segundo tempo com outro gol do artilheiro “Edmundo” Bordagaray que calou a pequena torcida alagoana que fazia festa por quase levar o jogo para os pênaltis e sacramentou o Vasco na terceira rodada da Copa do Brasil.

Na terceira rodada a equipe pegou o Grêmio de Football Porto Alegrense jogando a primeira partida em São Januário sem Luis Fabiano, que cansado, deu lugar a Alecssandro, já acostumado a enfrentar o Tricolor Gaúcho desde os tempos de Internacional, e este abriu o placar aos 14 minutos da etapa inicial. Tudo ia bem com a defesa vascaína sólida até então. Mas aos 37 minutos do primeiro tempo, o jovem Ruan da Silva, cria da base gremista e de apenas 20 anos empatou a partida.
O Vasco retomou o controle do placar aos 44 minutos ainda do primeiro tempo com Fred que desencantou para alegria geral.
Fim do primeiro tempo e alívio no vestiário do time vascaíno, que voltou bem e aos 16 minutos do segundo tempo fez 3 x 1 de novo com Fred. E a galera delirava: “O FRED VAI TE PEGAR”! “O FRED VAI TE PEGAR”! Em alusão à torcida do Fluminense e ex clube do craque que inventou o grito. Mas outro gol do Grêmio aos 44 minutos da etapa final através de mais um jovem gremista, o atacante Leandro de 18 anos fechou o placar em 3 x 2 e deixou o Vasco com uma pequena vantagem, pois apesar de ter ganho em casa, permitiu ao adversário marcar duas vezes e poderia ter sérios problemas com o saldo de gols. Ou seja, tudo em aberto para o jogo de volta no sul.

Estádio Olímpico Monumental lotado, torcida confiante, o time contando com jogadores de destaque como o goleiro Victor, o zagueiro Edcarlos, os meias Fábio Rockemback e Douglas, além das jovens estrelas o volante Ruan da Silva e o atacante Leandro e precisando marcar somente um gol para complicar a vida do Vasco, o Grêmio chegou quase como favorito ao segundo jogo. Digo quase, porque não se pode subestimar um time como o do Vasco contando com tantas estrelas como Fernando Prass, Léo Moura, Juninho Pernambucano, Fred, Luis Fabiano... Isto sem contar Fabian “Edmundo” Bordagaray que foi decisivo mais uma vez, pois o que se viu foi um passeio cruzmaltino em campo. O time pressionou o adversário o tempo todo explorando os ataques velozes do atacante argentino da colina, marcando individualmente o atacante Leandro com Dedé que não desgrudou do garoto em nenhuma jogada, anulando quase todas as jogadas criadas pelo volante Ruan da Silva e pelo meio-campista Douglas já que o outro atacante era o inexpressível atacante argentino Miralles. Resultado: Grêmio 0 x 4 Vasco com três gols de Fabian “Edmundo” Bordagaray aos 28 e 42 minutos da etapa inicial e outro aos 06 minutos da etapa final. O golpe final, como aconteceu na primeira partida com o atacante Alecssandro, veio de outro jogador do Vasco proveniente do arqui-rival do Tricolor Gaúcho, o Internacional: D´alessandro com um chutaço de fora da área fechou a conta do Imortal Tricolor.

Nas quartas de final o Vasco, que vinha em crise no Campeonato Brasileiro, pois perdera seguidamente para Internacional e Cruzeiro e ainda poupando Luis Fabiano e Fred por conta de uma partida decisiva pelas oitavas de final da Libertadores contra o Corinthians no Pacaembu, encarou o surpreendente Itumbiara de Goiás que eliminou nada menos do que o mesmo Corinthians Paulista na fase anterior empatando o primeiro jogo em casa por 1 x 1 e ganhando no Pacaembu por 1 x 0. E o time goiano não estava para brincadeira mesmo, pois apesar do Vasco ter aberto o placar com o volante Willians aos 30 minutos do primeiro tempo e ter ido para o intervalo com a vantagem, foi um time apático no segundo tempo aceitando a pressão do pequeno Itumbiara. Cedeu o empate logo aos 08 minutos com um gol de cabeça do zagueiro de 33 anos Henrique Santos ex Vasco, Atlético Mineiro, Fluminense e dispensado pelo Goiás e tomou a virada aos 21 minutos da etapa complementar através do atacante Vítor Castro. Novo desespero no time cruzmaltino que novamente via um revés na competição como nas rodadas anteriores. O time partiu pra pressão e no final ainda conseguiu arrancar o empate com Alecssandro aos 25 minutos. E deu-se por satisfeito porque era para ter saído com uma derrota vergonhosa se não fosse mais uma bela atuação de Fernando Prass.

No jogo de volta, em São Januário, o Itumbiara veio para tentar escrever seu nome na história das derrotas vascaínas para times considerados pequenos na Copa do Brasil, como o Gama do Distrito Federal em 2007 e Baraúnas do Rio Grande do Norte em 2005.
Complicando as jogadas do time cruzmaltino, o time goiano não permitia a chegada do Vasco ao ataque formado por Alecssandro e Bordagaray, se aproveitando do fato da equipe da casa estar jogando com alguns reservas até então, como o caso do meio-campo Thiago Neves no lugar de Felipe.
Mas a retranca durou até os 22 minutos do primeiro tempo quando Fabian Bordagaray interceptou uma bola mal tocada pelo experiente goleiro Sérgio - ex Flamengo, Internacional e eterno reserva de “São Marcos” no Palmeiras - para o zagueiro e mandou para o fundo das redes!
Excelente resultado já que o Vasco podia empatar até por 1 x 1 que estaria classificado para a próxima fase. E a situação ficou ainda melhor quando Alecssandro escorou cruzamento de Thiago Neves e aumentou a vantagem: 2 x 0 e fim do primeiro tempo.
Um ar de tranqüilidade pairava nas arquibancadas e os jogadores chegaram ao segundo tempo relaxados e somente administraram a partida durante quase toda a etapa complementar. Só que o Itumbiara, não tendo mais nada a perder, se lançou ao ataque e aos 30 minutos do segundo tempo diminuiu com Fábio Bala – aquele mesmo ex Fluminense e Grêmio - que aproveitou rebote de Fernando Prass. E a pressão aumentou porque com mais um gol, o time do interior de Goiás, poderia levar a partida para os pênaltis fazendo a torcida do Vasco temer por mais uma eliminação nas cobranças alternadas de” faltas supremas" como em 2008 para o Sport Recife.
Mas quem possuía um atacante como Fabian “Edmundo” Bordagaray podia sempre sonhar com boas novas! E o alívio veio no último minuto quando o argentino disputou a bola com o zagueiro Anderson Santos e conseguiu mandar um balaço no canto do Goleiro Sérgio e fechar a conta. 3 x 1 e Vascão na semifinal!

A semifinal que se seguiu prometia dois grandes jogos já que colocou frente a frente dois dos maiores rivais do futebol brasileiro: Vasco e Flamengo, que eliminara o Bahia nas oitavas de final ganhando os dois jogos, sendo o primeiro por 1 x 0 e o segundo por 3 x 1.
O Vasco chegava credenciado para este embate com o histórico de ter sido campeão carioca na temporada passada em cima do arqui-rival, ter enfrentado e vencido o Flamengo uma vez no Carioca por 3 x 2 e ter jogado contra os Rubro Negros por duas vezes no campeonato Brasileiro de 2010/2011 ganhando a primeira por 3 x 0 e empatando a segunda por 2 x 2. Ao “Mais Querido” restava a esperança de repetir a final da mesma Copa do Brasil em 2006 quando foi campeão deixando os cruzmaltinos com o vice campeonato.
Na primeira partida em São Januário, O Vasco vinha de uma desgastante seqüência de sete jogos em três semanas: seis pelo brasileirão, um pela Libertadores (o jogo de volta contra o Corinthians nas oitavas de final) e um da própria Copa do Brasil, onde eliminou o Itumbiara.





E isso pesou muito no desempenho da equipe, que mesmo treinando o mais leve possível para o jogo não conseguiu agüentar a pressão do Flamengo que logo aos 12 minutos abriu o placar com o jovem atacante Negueba. O Vasco bem que tentou reverter o placar, mas o Flamengo contava com o excelente goleiro alemão Hans-Jorg Butt contratado naquela temporada junto ao Bayer de Munique para substituir Felipe que se transferiu para o Atlético Mineiro. Além disso, Vanderlei Luxemburgo, técnico do Fla, ainda possuía duas jovens estrelas no elenco, sendo o volante Luis Philipe, “Muralha” (que deixou o tetracampeão Kléberson no banco) e o meio-campo Adryan aliados á categoria do meia argentino Bottinelli, a velocidade do atacante Luan vindo do Palmeiras e o faro de gol do também atacante Jael, o cruel – até o meia Gonzalo Fierro estava jogando bem, acreditem! Mas nada se comparava à liderança, categoria e precisão nos passes de Ronaldinho Gaúcho.
Acabou assim o primeiro jogo: bombas explodindo, correria e muita confusão no bairro Vasco da Gama por conta da derrota.
Quase dois meses se passaram para a segunda partida no Maracanã acontecer. E desta vez o momento do Vasco era excelente, pois naquela altura o Gigante da Colina vinha de três vitórias seguidas, duas pelo brasileirão (onde era terceiro colocado com dois pontos apenas atrás do líder) e uma pela Libertadores que era a meta principal da temporada. O Flamengo era sexto colocado no campeonato brasileiro com seis pontos atrás do cruzmaltino e de olho na Copa do Brasil.
Baseadas nisto, as equipes entraram em campo e o time Rubro Negro logo tomou as rédeas do jogo com Ronaldinho preciso nos passes, tanto que a maioria das jogadas saíram através dele, incluindo o gol onde ele inverteu uma jogada da esquerda para a direita, encontrando Gonzalo Fierro na ponta direita que tabelou com Luan e cruzou para o mesmo Ronaldinho na ponta esquerda. O craque chutou cruzado, Fernando Prass espalmou para o centro da área e Luan arrematou sem que os zagueiros Dedé, Matias Arce e Leandro Desabato pudessem reagir. A partir daí o Vasco tentou de tudo para chegar ao gol do Flamengo, mas Juninho Pernambucano, Felipe, Luis Fabiano e Fred, estavam muito bem vigiados, com o arqui-rival marcando a saída de bola de maneira sufocante, tanto que a todo o momento a bola era recuada para Fernando Prass, que sem opção passou a dar chutões para frente, entregando a bola de graça para os zagueiros e volantes do adversário na maioria das vezes. Quando o ataque conseguia chegar ao gol do Flamengo, lá estava o goleiro alemão Hans-Jorg Butt fechando a meta. O Vasco só conseguiu o gol aos 45 minutos do segundo tempo quando o zagueiro Matias Arce lançou para Luis Fabiano que levou a marcação e chutou cruzado. O goleiro Hans-Jorg Butt espalmou para o lado e Fred completou para o fundo da rede. Mas já era tarde... 1 x 1, final de jogo no Maraca, mais uma eliminação do Vasco para o Flamengo na Copa do Brasil e a Raça Rubro Negra gritando: VAMOS FLAMENGO! VAMOS SER CAMPEÕES, VAMOS FLAMENGO, MINHA MAIOR PAIXÃO, VAMOS FLAMENGO E ESSA TAÇA VAMOS CONQUISTAR!”

Na continuação da competição, o Flamengo enfrentou o Internacional de Porto Alegre na final e confirmou o que previa a torcida na canção: Conquistou o tricampeonato da Copa do Brasil depois de empatar por 0 x 0 no Gigante da Beira Rio e ganhar por 2 x1 no Maracanã com gols de Jael, o cruel e o “pólo” Bottinelli.

Depois da fase pré-Libertadores onde o Grêmio foi eliminado pelo Barcelona do Equador (Este time foi o mesmo algoz do Atlético Paranaense na temporada passada na mesma fase anterior à fase de grupos e parece estar se especializando nisso) empatando por 1 x 1 no Estádio Olímpico em Porto Alegre e perdendo fora por 2 x 1, os grupos foram sorteados e os times brasileiros na competição foram: O Internacional e o Santos (grupo B) com destaques para o zagueiro Bolívar, o General América, capitão do time campeão da Libertadores em 2006, o meio-campo argentino Bolatti, o experiente volante e meia Tinga, o jovem meia Oscar, o lateral e meia direita Ilsinho, ex São Paulo e o atacante Leandro Damião pelo Colorado. No Peixe os destaques eram o zagueiro e capitão Edu Dracena, os meias Elano e Paulo Henrique, o Ganso, e os atacantes Borges, vindo do Grêmio e o luso brasileiro Liédson, o “levezinho”, que ficou somente uma temporada no Corinthians, além da mais nova estrela do futebol brasileiro Neymar. O Vasco da Gama (grupo C) tinha em seu elenco o excelente goleiro Fernando Prass, os zagueiros Dedé, o Mito, acompanhado dos argentinos Matias Arce e Leandro Desabato, o lateral direito Lé Moura, agora Zeca da Colina, o meia esquerda e “Maestro” Felipe, o reizinho da Colina, Juninho Pernambucano, o meia argentino D´alessandro, o também meia Thiago Neves, além dos atacantes Fred e Luis Fabiano, o Fabuloso. O Corinthians (grupo D) contava ainda com Adriano Imperador, os meio-campos Alex e Boquita, além dos velozes atacantes Emerson, o Sheik e Jorge Henrique.